Mentes
Descia espiraladamente os degraus
estava há muitos anos vagando
naquela fortaleza, seu umbral.
Nas paredes retratos do ontem
e de todos os que já não vivem mais
e estão sepultados perpetuamente
sob as cruzes e lamaçais.
Tentava sair todo dia
até se desesperar
preso eternamente aquela
que um dia jurou amar
Aquelas paredes, seu jazigo.
Não mais humano.
Não mais vivo,
apenas insano.
E nesse insandecer todo
cuja alma já não mais está no corpo,
era vivo, hoje morto,
a pôde ver sob o luar.
Meio manco, meio sôfrego
foi na beirada do penhasco a encontrar
penhasco que um dia ,
por infeliz ironia,
ela acreditou que ia voar
Ela abraçou o horizonte
e ele que assistia ao longe
nada pode evitar
e seu grito de pavor nunca conseguiu soltar.
Hoje ela voltou.
Voltou para o buscar
trazia nas mãos a cabeça
que do corpo se desprendera
ficando na grama a rolar.
E em meio a toda aquela visão
também se jogou ele na imensidão
e foi com ela estar.
E de cima do penhasco,
nos galhos das árvores parados,
apenas os corvos olhavam
para o suculento jantar.
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